domingo, 28 de julho de 2013

O gigante e a lua


Noutros tempos habitava em Timor um gigante chamado Beileira, duma estatura tão desmedida, que, pondo-se de pé, facilmente com a mão chegava às estrelas.
Uma vez, um filho do gigante, estando ao colo do pai, estendeu o braço e com a mão sujou a lua com banana assada e cinza.
Este gigante teve um fim horrivelmente trágico. Casara. Ainda a noite não tinha envolvido inteiramente a Terra no seu negro manto, já o gigante, cansado, recolhera ao tálamo nupcial, não tardando a adormecer profundamente. A noiva recolhera mais tarde. Já no leito, reparara esta que entre os dois se interpusera uma jibóia gigante, de grossura e comprimento assombrosos.
Rapidamente agarra na catana de guerra do gigante e a golpes repetidos a ataca. Só depois e já sem remédio, veio a reconhecer que o gigante se esvaía em sangue, morrendo juntamente com a jibóia.
Na planície de Quirás, no posto de Fatu-Berlio, região de Manufai, foi enterrado o gigante Beileira, mas para caber nas covas que lhe abriram, tiveram de o dividir em sete partes.
in «Mitos e Contos do Timor Português», de Correia de Campos. Agência-Geral do Ultramar

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