Noutros tempos habitava em Timor um gigante chamado Beileira,
duma estatura tão desmedida, que, pondo-se de pé, facilmente com a mão chegava
às estrelas.
Uma vez, um filho do gigante, estando ao colo do pai,
estendeu o braço e com a mão sujou a lua com banana assada e cinza.
Este gigante teve um fim horrivelmente trágico. Casara. Ainda
a noite não tinha envolvido inteiramente a Terra no seu negro manto, já o
gigante, cansado, recolhera ao tálamo nupcial, não tardando a adormecer
profundamente. A noiva recolhera mais tarde. Já no leito, reparara esta que
entre os dois se interpusera uma jibóia gigante, de grossura e comprimento
assombrosos.
Rapidamente agarra na catana de guerra do gigante e a golpes
repetidos a ataca. Só depois e já sem remédio, veio a reconhecer que o gigante
se esvaía em sangue, morrendo juntamente com a jibóia.
Na planície de Quirás, no posto de Fatu-Berlio, região de
Manufai, foi enterrado o gigante Beileira, mas para caber nas covas que lhe
abriram, tiveram de o dividir em sete partes.
in «Mitos e Contos do Timor Português», de Correia de Campos.
Agência-Geral do Ultramar
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